MANUSCRITO

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Description

“Ainda me lembro do cheiro 

Da terra molhada e do pavimento frio, 

Do orvalho que ainda me chama 

E me tomava pela mão frágil. 

De uma varanda alta te procuro 

Com a mesma ânsia e sede 

Que me deste ao amanhecer, 

Procuro-te com o bater das ondas 

Num dia de tempestade, 

Daquelas que as autoridades avisam 

Que o mar tudo engole. 

Se a varanda de onde os sonhos nascem, 

Onde o frio e calor se fundem 

Tivesse prestes a ser engolida pelas ondas, 

Desceria e aceitaria o mar como meu. 

Ainda sinto as brechas de sol pela manhã 

Que me beijavam a pele por entre os picos 

Dos velhos e solitários pinheiros 

Que te rodeavam e protegiam do exterior. 

Os alicerces não são os mesmos, dizes tu… 

Mas a serra é a mesma, a que cuidou 

De todos os meus arranhões, 

O uivo dos cães à distância ainda me chama 

Para longe dos de cabelos brancos 

Cuja vida dedicaram à criação de todo o ser 

Que hoje escreve sobre alicerces, 

Mares bravos e aventuras nunca vistas. 

Aqui, na varanda dos sonhos, 

Digo que o meu sonho és tu.”